A gente passa boa parte da vida tentando ser suficiente. Para alguém, para alguma coisa, para um espaço, mesmo que ele seja grande demais ou apertado demais para nos caber. E no começo, a gente acredita que basta tentar mais um pouco. Falar do jeito certo. Agir do jeito certo. Se moldar de acordo com o que esperam.
Até perceber que, por mais esforço que faça, nunca vai ser o bastante para quem nunca quis, de fato, que você ocupasse aquele lugar.
Essa é a parte que dói. Porque a gente cresce acreditando que amor, amizade, família – qualquer laço que nos conecte ao outro – precisa ser trabalhado, mantido, sustentado a qualquer custo. Quase como se a gente precisasse fazer por merecer a atenção, o afeto. Mas ninguém nos ensina a diferença entre construir e se sacrificar. Entre ser presente para o outro e anular a si próprio. Entre ser importante e ser apenas conveniente.
A verdade é que, para algumas pessoas, você nunca vai ser suficiente. E não porque falta algo em você, mas porque você simplesmente não cabe nas expectativas que elas criaram. Não importa o quanto tente, o quanto se molde, o quanto se esforce. Sempre vai ter alguma coisa errada.
Isso não é sobre você.
Perceber isso, no começo, machuca. Mas depois, liberta. Porque quando você entende que nada que fizer vai alcançar o que o outro deseja, você aprende a descansar e aproveitar quem faz questão da sua presença. Sem moldes. Sem medo. Sem precisar se diminuir para não incomodar. Sem esforço.
E, de repente, descobre que sempre houve pessoas que te escolheram exatamente por isso. Que nunca pediram que você fosse menos. Nem mais. Que nunca precisaram que você mudasse para caber.
Então, que bom que você nunca foi suficiente para quem não soube te enxergar. Porque isso não é uma perda, é um alívio. É o que te liberta para ser inteira — sem precisar provar nada, sem se dobrar para caber, sem se perder no processo. É o que te permite estar onde realmente faz sentido, ao lado de quem escolhe você pelo que é, e, acima de tudo, com quem mais precisa disso: você mesma.